Universalmente, são as palmas que nos dão às mãos, em um início de contato. Quando chegamos ao hospital, uma pessoa, em meio a sondas pra fazer respirar e alimentar, em meio ao cansaço e às preocupações com a saúde, bateu palmas, acompanhando o ritmo da música que trazíamos.
Errei a letra. Mas acertei a direção, levando aquele som pra mais perto de quem nos aplaudia/acompanhava/dava as mãos.
-O que você quer ouvir?
-Qualquer música
O que tivéssemos pra tocar. Ainda que oscilassemos
("Quê vamos tocar que ensaiamos? Que todos saibam a letra? Que tom fica adequado à voz da maioria?")
cada nova música era recebida com palmas (ou afagos sonoros?), da sertaneja ao samba, eram rapidamente entoadas, pela voz que restava.
...A sorrir eu pretendo levar a vida...
Era o samba de Cartola que gerou maior efeito naquela pessoa, em momento tão delicado e tão disposto a conceder-lhes emoções.
Pediu-nos foto para lembrar daquele momento. O que muitos querem esquecer, de momentos de fragilidade, mas em que a música lembrou que "o sol nascerá".
Foi palma com palma que fomos conduzidos ao seu mundo. Mas foi uma canção que me guia que gerou maior mobilização.
Nessas horas, não sei dizer, se a canção é minha ou alheia, se a voz que canta é pra dentro ou pra fora ou se fui eu mesma quem escolhi aquela canção.
Pode parecer subjetivo. Mas a Musicoterapia tem dessas.
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